Quem tu és?
De alguma forma, quando nos referimos ao nosso "Eu", falamos com tanta propriedade, que acabamos acreditando e passando a ideia de que sabemos exactamente tudo o que somos. Eu tenho um amigo, por exemplo, que sempre se descreveu e mostrou ser uma pessoa calma, controlado, sempre correcto, daquelas que nunca perdem a hora ou se esquecem de ligar no dia do aniversário de alguém. Isso até o dia em que se viu no trânsito, olhos vermelhos, irritado, berrando alucinadamente e perseguindo em contra mão, um motoqueiro que sem querer esbarrou no espelho retrovisor do carro.
O que aconteceu com ele? – Devem estar a perguntar-se – Ficou maluco? Ou então podem estar a pensar que talvez ele nunca tenha sido calmo e que na verdade era um alucinado disfarçado de cordeiro. Isso porque em geral nós sempre pensamos que as pessoas são isso "ou" aquilo. Pensamos que "ou" a pessoa nos ama, "ou" não nos ama. "Ou" é boa, "ou" má, e ponto final!
O que eu proponho agora é que arrisquem, pelo menos durante a leitura deste texto, a trocar o "ou" pelo "e".
Voltando ao meu amigo, eu poderia arriscar a dizer que ele era uma pessoa calma "e", ao mesmo tempo, uma pessoa raivosa, capaz de babar no capacete do motoqueiro, que de tão assustado, quase bateu no quiosque do jornal...
O mesmo acontece com todos nós. Quando pensamos em nosso "Eu", na verdade seria muito mais correcto imaginarmos muitos "Eus" convivendo lado a lado. Quanto mais conhecemos cada um desses "Eus" e quanto mais contacto um "Eu" tem com o outro, mais hipótese temos de ter uma vida pacífica. Mas quando esses "Eus" não se conhecem, e cada um tem a sua própria ideia da direcção a seguir, fica difícil um acordo entre eles e o nosso espaço interno vira um verdadeiro campo de batalha.
Para ajudar-vos a visualizar tudo isso vou apresentar brevemente esses "Eus", que se acotovelam dentro de nós. Alguma vez sentiram uma cotovelada no estômago?
Vou começar pelo Eu criança. Todos nós temos uma criança dentro de nós. (TODOS, acredite!) A criança dentro de nós é aquela parte inocente, criativa, brincalhona e, sobretudo, espontânea. É ela que fica ansiosa quando vamos fazer alguma coisa nova. É ela que nos deixa totalmente travado em frente a uma pessoa que conhecemos como uma autoridade. É a criança que faz com que às vezes te sintas inseguro, mesmo sem motivo aparente. Ou que torna-te teimoso, birrento e mimado, querendo que tudo aconteça exactamente como planejou.
Agora o Eu inferior, é aquele lado que temos, mas que gostaríamos de não ter. O Eu Inferior é feito de todos aqueles sentimentos que consideramos negativos e que somos ensinados a evitar. É o "Eu" que sente ciúme, inveja, raiva, pensa coisas horríveis, persegue motoqueiros e muitas vezes tem uma assustadora vontade de "esganar" alguém. É como um bicho dentro de nós, que muitas vezes nos assusta até mais do que aos outros. Basta ver alguém em meio a um acesso de fúria para ter uma boa ideia desse tal de Eu Inferior.
Socorro! Quando nos damos conta de que temos esse monstro horrendo dentro de nós, entramos em pânico e logo nos empenhamos em construir uma máscara para esconder essa aberração. Assim surge o "Eu mascarado". Falso, falso, falso, esse "Eu" é uma criação, uma tentativa de sermos aceitos pelas pessoas e pela sociedade. É aquela parte que tenta ser bonzinho, ou sábio, ou poderoso, e por aí em adiante. Tudo fingimento é claro! Mas às vezes fingimos tanto e tão bem, que até nós mesmos acabamos acreditando que aquilo é real.
Estão localizando cada um desses "Eus"? Então imaginem a seguinte situação... Sabem quando vêm, ao longe, aquela pessoa chata que sempre colasse a uma pessoa e fala, fala, fala, sem perguntar se queria-mos ouvir? O Seu Eu Criança talvez tenha vontade de sair correndo e esconder-se atrás do poste antes que ela te veja. O Eu Inferior, por sua vez, talvez tenha o impulso de rosnar algo assim: "Como consegues ser tão chato? Não suporto ficar ao teu lado, sabias?". Mas a Máscara é aquela parte que fica ouvindo, com cara de melão, sorriso amarelo pendurado, enquanto pensas no tempo que estás a perder e rezas para que aquela tortura termine logo de uma vez (é claro que isso nunca acontece, porque pessoas chatas assim adoram caras de melão!).
Mas nem tudo está perdido! Dentro de todos nós existe também um Eu que reflecte o que temos de melhor. Acreditem, todo ser humano possui dentro de si a capacidade de ser sábio, de amar, de respeitar a si mesmo e ao próximo, de perdoar, e muito mais. Estou a falar do "Eu superior". Quando permitimos que esse Eu conduza nossa vida, aprendemos a lidar com o Eu Criança, a aceitá-lo, a amá-lo e ajudá-lo a crescer. É o Eu Superior que pode ajudar-nos a curar o Eu Inferior, a transformar criativamente essa negatividade em uma força positiva. É o Eu Superior que nos ajuda a abrir mão das máscaras e a nos aceitar exactamente como somos, pois ele nos lembra que somos divinos (com apimentados toques de imperfeições, é claro!). Leveza e humor são qualidades do Eu Superior e tornam todo o resto muito mais fácil.
De alguma forma, quando nos referimos ao nosso "Eu", falamos com tanta propriedade, que acabamos acreditando e passando a ideia de que sabemos exactamente tudo o que somos. Eu tenho um amigo, por exemplo, que sempre se descreveu e mostrou ser uma pessoa calma, controlado, sempre correcto, daquelas que nunca perdem a hora ou se esquecem de ligar no dia do aniversário de alguém. Isso até o dia em que se viu no trânsito, olhos vermelhos, irritado, berrando alucinadamente e perseguindo em contra mão, um motoqueiro que sem querer esbarrou no espelho retrovisor do carro.
O que aconteceu com ele? – Devem estar a perguntar-se – Ficou maluco? Ou então podem estar a pensar que talvez ele nunca tenha sido calmo e que na verdade era um alucinado disfarçado de cordeiro. Isso porque em geral nós sempre pensamos que as pessoas são isso "ou" aquilo. Pensamos que "ou" a pessoa nos ama, "ou" não nos ama. "Ou" é boa, "ou" má, e ponto final!
O que eu proponho agora é que arrisquem, pelo menos durante a leitura deste texto, a trocar o "ou" pelo "e".
Voltando ao meu amigo, eu poderia arriscar a dizer que ele era uma pessoa calma "e", ao mesmo tempo, uma pessoa raivosa, capaz de babar no capacete do motoqueiro, que de tão assustado, quase bateu no quiosque do jornal...
O mesmo acontece com todos nós. Quando pensamos em nosso "Eu", na verdade seria muito mais correcto imaginarmos muitos "Eus" convivendo lado a lado. Quanto mais conhecemos cada um desses "Eus" e quanto mais contacto um "Eu" tem com o outro, mais hipótese temos de ter uma vida pacífica. Mas quando esses "Eus" não se conhecem, e cada um tem a sua própria ideia da direcção a seguir, fica difícil um acordo entre eles e o nosso espaço interno vira um verdadeiro campo de batalha.
Para ajudar-vos a visualizar tudo isso vou apresentar brevemente esses "Eus", que se acotovelam dentro de nós. Alguma vez sentiram uma cotovelada no estômago?
Vou começar pelo Eu criança. Todos nós temos uma criança dentro de nós. (TODOS, acredite!) A criança dentro de nós é aquela parte inocente, criativa, brincalhona e, sobretudo, espontânea. É ela que fica ansiosa quando vamos fazer alguma coisa nova. É ela que nos deixa totalmente travado em frente a uma pessoa que conhecemos como uma autoridade. É a criança que faz com que às vezes te sintas inseguro, mesmo sem motivo aparente. Ou que torna-te teimoso, birrento e mimado, querendo que tudo aconteça exactamente como planejou.
Agora o Eu inferior, é aquele lado que temos, mas que gostaríamos de não ter. O Eu Inferior é feito de todos aqueles sentimentos que consideramos negativos e que somos ensinados a evitar. É o "Eu" que sente ciúme, inveja, raiva, pensa coisas horríveis, persegue motoqueiros e muitas vezes tem uma assustadora vontade de "esganar" alguém. É como um bicho dentro de nós, que muitas vezes nos assusta até mais do que aos outros. Basta ver alguém em meio a um acesso de fúria para ter uma boa ideia desse tal de Eu Inferior.
Socorro! Quando nos damos conta de que temos esse monstro horrendo dentro de nós, entramos em pânico e logo nos empenhamos em construir uma máscara para esconder essa aberração. Assim surge o "Eu mascarado". Falso, falso, falso, esse "Eu" é uma criação, uma tentativa de sermos aceitos pelas pessoas e pela sociedade. É aquela parte que tenta ser bonzinho, ou sábio, ou poderoso, e por aí em adiante. Tudo fingimento é claro! Mas às vezes fingimos tanto e tão bem, que até nós mesmos acabamos acreditando que aquilo é real.
Estão localizando cada um desses "Eus"? Então imaginem a seguinte situação... Sabem quando vêm, ao longe, aquela pessoa chata que sempre colasse a uma pessoa e fala, fala, fala, sem perguntar se queria-mos ouvir? O Seu Eu Criança talvez tenha vontade de sair correndo e esconder-se atrás do poste antes que ela te veja. O Eu Inferior, por sua vez, talvez tenha o impulso de rosnar algo assim: "Como consegues ser tão chato? Não suporto ficar ao teu lado, sabias?". Mas a Máscara é aquela parte que fica ouvindo, com cara de melão, sorriso amarelo pendurado, enquanto pensas no tempo que estás a perder e rezas para que aquela tortura termine logo de uma vez (é claro que isso nunca acontece, porque pessoas chatas assim adoram caras de melão!).
Mas nem tudo está perdido! Dentro de todos nós existe também um Eu que reflecte o que temos de melhor. Acreditem, todo ser humano possui dentro de si a capacidade de ser sábio, de amar, de respeitar a si mesmo e ao próximo, de perdoar, e muito mais. Estou a falar do "Eu superior". Quando permitimos que esse Eu conduza nossa vida, aprendemos a lidar com o Eu Criança, a aceitá-lo, a amá-lo e ajudá-lo a crescer. É o Eu Superior que pode ajudar-nos a curar o Eu Inferior, a transformar criativamente essa negatividade em uma força positiva. É o Eu Superior que nos ajuda a abrir mão das máscaras e a nos aceitar exactamente como somos, pois ele nos lembra que somos divinos (com apimentados toques de imperfeições, é claro!). Leveza e humor são qualidades do Eu Superior e tornam todo o resto muito mais fácil.
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