terça-feira, janeiro 31, 2012

Insultar com inteligência

Para que seja possível insultar alguém com alguma dignidade e inteligência, não basta o palavrão batido, a expressão ordinária e repetida, a referência aos parentes próximos ou o achincalhamento próprio dos simplórios e dos parlapatões sem ideias. Para bem insultar alguém, é necessário alguma arte e estilo; É necessário que se possuam recursos linguísticos e imaginação suficiente, para poder improvisar metáforas inteligentes. São estas metáforas que muitas vezes constituem autênticos homicídios de personalidade para o insultado mas que ele, apesar de tudo, pode tolerar sem a verdadeira e irreversível ofensa. A arte de bem insultar é sempre uma demonstração de agudeza de espírito por parte de quem em determinada altura sente necessidade de dizer a outrem o quão mau, baixo, ou estúpido é, ou está a ser momentaneamente. O insulto demonstra, quando inteligente, uma boa integração social, humor, capacidade de análise e de reacção a factos adversos. O insulto, se inteligente, é libertário, democrático, humanista e terapêutico. O insulto, não é desprezível nem deve ser desprezado. Não se deve jamais confundir o “bom insulto” com ordinarice, demência, saloiice ou vulgaridade. O “bom insulto” é insolente, é malicioso, é diabolicamente perverso e ao mesmo tempo elegante e quase aristocrático.

-O insulto, é património cultural de toda a humanidade e da sua comunicação verbal. É instrumento preciso para que aqueles que não se submetem, possam permanecer livres de peias que não desejam, de ideias preconcebidas e de tentativas de imposição de toda a espécie.

-Quem ao longo da sua vida não insultou em determinada situação, voluntariamente alguém?

-Quem, na altura de escolher as palavras, não hesitou entre a verborreia da vulgaridade e elaboração inteligente de frases? Nestas situações limite, é necessário possuir precisão para ferir sem deixar ferida, bater sem deixar nódoa, magoar sem fazer doer mais do que o tempo necessário para que o insultado possa ver o seu erro, e cair em si… ou não.

-Foram muitos os escritores que cultivaram esta arte de dizer verdades ofendendo apenas o necessário. Muitas vezes disfarçado sob o manto largo do humor, o insulto foi usado magnificamente por: Nicarcos, Gil Vicente, Moliere, Bocage, Rafael Bordalo Pinheiro, Eça de Queirós, Cervantes, Quevedo, Lope de Veja, Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, Winston Churchill, Bernard Shaw, Serge Gainsbourg, Jorge Luís Borges e tantos, tantos outros.

-Talvez que em ultima instância, seja a arte do bom insulto a única coisa que valha a pena salvar neste país de façanhudos e gente de riso tonto e fácil. Gente de comunicados oficiais e de “oficiais” sem capacidade de comunicação. Neste país de pseudo cultos sorumbáticos e de palhaços alegres mas ridículos. De gente alinhada em demasia ou demasiado desalinhada; Deprimida e deprimente.

Saiam à rua e insultem com elegância, ou então… vão afogar peixes.

Eis alguns exemplos de que gosto:

    * Eu insultava-te mas acho que não irias notar.
    * Não, não te chamei estúpido. Isso seria insultar os estúpidos deste mundo.
    * Será que a corrente dos teus pensamentos tem algum elo?
    * Nem todas as pessoas são aborrecidas, também há os falecidos.
    * Estou a tentar imaginar-te com uma personalidade.
    * Se eu atirar um ramo para longe tu sais daqui?
    * Tu? Do meu planeta?
    * Quando é que o teu circo de anormalidades passa cá para te vir buscar?
    * E… a tua opinião deslocada, estúpida e a despropósito, seria?
    * Olha lá, por acaso eu pareço-te alguém com vontade de te ouvir?
    * Eu finjo trabalhar e eles fingem pagar-me.
    * Será que os extraterrestres se esqueceram de te retirar a sonda anal?
    * Gosto do teu perfume, mas seria preciso tomares banho nele?
    * Qualquer que seja o teu novo visual devo dizer-te que falhaste.
   * Ele pode parecer como um idiota e falar como um idiota, mas não deixes que isso te engane. Ele é um perfeito idiota.” - Groucho Marx
   * Deves ser o único génio com um Q.I. de 10.
   * Os teus pais por acaso não serão irmãos?
   * Deve estar a fazer anos que foste excretado pelo organismo da tua mãe, não?
   * Deixa lá, ainda um dia hás-de ser famoso. Lá no manicómio onde te internarem.
   * Estás a começar a parecer razoável, vai tomar a medicação!
   * Tens mesmo cara de santo… S. Bernardo!
  * Sabes bem que entendo esse sentimento de vazio de que falas, conheço bem o teu cérebro!
  * Não sei qual é o teu problema mas com certeza a psiquiatria em um nome para ele.
  * Gosto de ti fazes-me lembrar de mim quando eu era estúpido!
  * Hei! Quem é que te escolhe a roupa, O Stevie Wonder?
  * Ok, prometo tentar ser mais simpático se prometeres tentar ser mais inteligente.
  * Namorada nova? Onde é que ela deixa o cão e a bengala às riscas?
  * Olha que o facto de ninguém te entender não é por seres um artista modernista.
  * Irra! Parece impossível como em tempos foste o mais rápido dos espermatozóides!
  * Naturista, tu? Depois de tudo o que a natureza te fez?
  * Eu sei que toda a gente tem direito a fazer asneiras mas tu abusas desse direito.
  * Recordas-me alguém que conheci em tempos, … durante um pesadelo.
  * Já pagaste as quotas deste mês do clube dos canalhas?
  * Eu sei que não és um plagiador, mas tu não plagias é a raça humana!
  * Se alguma vez te vir a afogar, prometo que te atiro uma corda, ambas as pontas e tudo.
  * Só ouvirás algo de bom acerca de ti se for num monólogo!
  * Gostava imenso de trabalhar para si, mas como coveiro.
 * Se disse algo que te tenha ofendido, podes ter a certeza de que foi totalmente propositado.
  * És tão estranho que eras capaz de tropeçar no fio de um telefone sem fio.
  * Eh pá, vai afogar peixes!

sexta-feira, janeiro 27, 2012

As crianças aprendem aquilo que vivem


Se as crianças vivem com críticas, aprendem a condenar.
Se as crianças vivem com hostilidade, aprendem a ser agressivas.
Se as crianças vivem com medo, aprendem a ser apreensivas.
Se as crianças vivem com pena, aprendem a sentir pena de si próprias.
Se as crianças vivem com o ridículo, aprendem a ser tímidas.
Se as crianças vivem com inveja, aprendem a ser invejosas.
Se as crianças vivem com vergonha, aprendem a sentir-se culpadas.
Se as crianças vivem com encorajamento, aprendem a ser confiantes.
Se as crianças vivem com tolerância, aprendem a ser pacientes.
Se as crianças vivem com elogios, aprendem a apreciar.
Se as crianças vivem com aceitação, aprendem a amar.
Se as crianças vivem com aprovação, aprendem a gostar de si próprias.
Se as crianças vivem com reconhecimento, aprendem que é bom ter um objectivo.
Se as crianças vivem com partilha, aprendem a ser generosas.
Se as crianças vivem com honestidade, aprendem a ser verdadeiras.
Se as crianças vivem com justiça, aprendem a ser justas.
Se as crianças vivem com amabilidade e consideração, aprendem o que é respeito.
Se as crianças vivem com segurança, aprendem a confiar em si próprias e naqueles que as rodeiam.
Se as crianças vivem com amizade, aprendem que o mundo é um lugar bom para se viver.

Dorothy Law Nolte

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Uma mera lembrança distante


Que casa tão vazia!
Que casa tão fria!
Que imagem tão familiar,
Que sentir tão familiar...
Lembranças de um passado distante
Que teima em não deixar de ser
Uma mera lembrança distante...