segunda-feira, setembro 11, 2006

Pobreza envergonhada

Um dia li o seguinte: Sempre que as crises económicas se agudizam, aumenta a pobreza envergonhada e os processos de exclusão

A pobreza envergonhada sempre existiu e com o passar dos anos ela vai aumentado.

As crises económicas agudizam este problema mas não são a sua causa directa.

Existe muitos tipos de pobreza envergonhada que, infelizmente, a grande maioria desconhece.

Que dizer a uma pessoa nessa situação?

Melhor que dizer é FAZER!

A respeito deste problema, Ezequiel Arteiro escreveu quadras interessantes:

Quanto mais me sacudir
A «peneira» deste mundo,
Mais se vê o grande subir
E o pequeno ir p'ró fundo...

Em nada se dignifica
Quem gasta dinheiro à toa;
Não pense a pessoa rica
Que é também rica pessoa.

Há muitos ladrões honestos
E honestos muitos ladrões!...
Aqueles, só «roubam» restos,
Estes, «desviam» milhões!...

Ó Senhor de Matosinhos,
Quando o mar enche as marés,
Quer chegar os seus beijinhos
Às chagas que tens nos pés.

Há muito quem passe fome
Porque não tem que comer,
Mas há também quem não come
Com dinheiro a apodrecer!

O homem nem sequer pensa
Que reza o Pai-Nosso à toa!
Sempre que surge uma ofensa
Quer perdão, mas não perdoa!

Quantas vezes se põem fora
As sobras de certa mesa
Esquecendo-se que mora
Pertinho tanta pobreza.

Quando Deus criou a Terra
Deixou ficar tudo em Paz.
Se nela aparece guerra
É porque o homem a faz.

Pobreza manifestada
Esconde, às vezes, riqueza
E pobreza envergonhada
Não deixa de ser pobreza.

Vem o Natal e com ele
Surge tanto amor fingido!...
É pena que depois dele
Volte a ser como tem sido.

Quantas vezes orações
São feitas por comodismo!...
— Rezar sem haver acções
É falso cristianismo.

Injustiça, consentida
Por quem a pode impedir,
É uma falta desmedida
Que nunca deve existir.

É acto sem caridade,
Que nada tem de cristão
Quando se dá com vaidade
Ao pobre um naco de pão.

Ezequiel Arteiro

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