quinta-feira, maio 31, 2007

Uma causa perdida?

Imagem de XxSchizophrenicxX
Teu olhar triste atravessa o meu
Tornando difícil deixar-te sozinha
Deixar-te vestindo teus ferimentos
Deixar-te vestindo tuas humilhações
E apontando tuas armas para um novo alguém…

Andaras perdida?
Serás uma causa perdida?
Ou estarás cansada de lutar?
De lutar por uma causa perdida?
Não canses de lutar…
De lutar mesmo por uma causa perdida!

terça-feira, maio 22, 2007

Poema do Homem Só

Imagem de Zendar
Sós,
irremediavelmente sós,
como um astro perdido que arrefece.
Todos passam por nós
e ninguém nos conhece.

Os que passam e os que ficam.
Todos se desconhecem.
Os astros nada explicam:
Arrefecem

Nesta envolvente solidão compacta,
quer se grite ou não se grite,
nenhum dar-se de outro se refracta,
nenhum ser nós se transmite.

Quem sente o meu sentimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem sofre o meu sofrimento
sou eu só, e mais ninguém.

Quem estremece este meu estremecimento
sou eu só, e mais ninguém.
Dão-se os lábios, dão-se os braços
dão-se os olhos, dão-se os dedos,
bocetas de mil segredos
dão-se em pasmados compassos;
dão-se as noites, e dão-se os dias,
dão-se aflitivas esmolas,
abrem-se e dão-se as corolas
breves das carnes macias;
dão-se os nervos, dá-se a vida,
dá-se o sangue gota a gota,
como uma braçada rota
dá-se tudo e nada fica.

Mas este íntimo secreto
que no silêncio concreto,
este oferecer-se de dentro
num esgotamento completo,
este ser-se sem disfarçe,
virgem de mal e de bem,
este dar-se, este entregar-se,
descobrir-se, e desflorar-se,
é nosso de mais ninguém.

Antonio Gedeão

domingo, maio 20, 2007

Mais uma temporada fora de casa…

De volta à confusão, à selva de Bananas, ao ter que aturar Macacos, enfim… Pelo menos existe um lado positivo e “divertido” desta estadia forçada! Poder estar de perto e presenciar as macacadas que os ilustres representantes desta República de Bananas têm para mostrar…

sábado, maio 19, 2007

quinta-feira, maio 17, 2007

terça-feira, maio 15, 2007

A República das bananas e os seus Macacos

Imagem de Clicko
Na grande República das bananas chamada Portugal, ao que parece, até as bananas estão em crise e os seus Macacos mais ilustres (e não só) cada vez mais andam à deriva…

Reconheço que nunca morri de amores pela capital, mas nos últimos tempos, esse sentimento agravou-se devido a minha estadia “forçada” numa capital cada vez mais centralizada e esquecida. Centralizada porque estupidamente tudo é forçado a passar por lá e esquecida porque o umbigo da capital é tão grande que a impede de ver além da zona demarcada como Grande Lisboa…

Os grandes Macacos da Câmara Lisboeta tanto andaram as cabeçadas que acabaram por rachar a cabeça e estragar as bananas, fazendo com que novamente Portugueses, Bananas e Macacos sejam chamados para eleger um novo Presidente (ou Macaco) que leve a bom porto (ou afunde ainda mais) uma Câmara que deveria ser exemplo para o resto do pais (ou República de bananas).

Para começar, a Câmara de Lisboa têm uma dívida de 1261 milhões de euros! Uma verba obscena se comparada com os 1047 milhões de euros, dívida das 14 autarquias do Grande Porto. Não é de admirar o silêncio do governo (e do seu ilustre Engenheiro) nesse campo...

Por outro lado foi inaugurado um troço de metro da margem sul, com alguma pompa e que custa 15000 euros dia para transportar quase ninguém…

Foram anunciados também apoios públicos à requalificação e promoção de novos pólos e produtos turísticos; dinheiro a ser gasto de 2007 a 2009 e limitado as regiões de Lisboa, Costa de Estoril, Madeira e o famoso “Allgarve”, regiões onde não falta turismo e que estão no topo da riqueza nacional.

Regiões como o Douro, com enorme potencial para o turismo de qualidade, não merecem prioridade dos grandes Macacos.

E poderia estar aqui mais tempo a exemplificar porque Portugal, que poderia ser um grande pais, não passa de uma mera República das Bananas.

Os Portugueses podem estar distraídos, mas não são estúpidos. Como diz o refrão: Água mole em pedra dura, tanto bate que até fura, e quando isso acontecer (e espero que não falte muito), virão tempos difíceis para os Macacos e as suas Bananas!

domingo, maio 06, 2007

Dia da Mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...

Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -,
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal..."

Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...

Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...

Boa noite. Eu vou com as aves!

Eugénio de Andrade

Viver em Lisboa!